Pessoas com membro amputado

Não é de hoje que falta para as pessoas condições em lidar com situações que podem interferir para vida ou a morte de uma pessoas, mas nesse caso há uma ação fundamental que significa a vida ou a morte do membro amputado dessa pessoa, sendo o intuito desse ato propiciar que esse individuo se restabeleça e sofra menos com o dano.

É de se imaginar que um indivíduo que sofra uma amputação sofra uma dor inimaginável, só de pensar nisso já é possível sentirmos: repulsa, “uma coisa ruim”, calafrios, “um arrepio na espinha”. No entanto, deveríamos estar preparados para saber o que fazer com o membro amputado, de modo a conservá-lo e oferecer condições para que possa ser reimplantado.

Diante disso, trago um artigo da revista Super Interessante [1]:

[…] Em alguns casos, a chance de um membro amputado ser reimplantado chega a 90%. Mas para isso é preciso agir rápido nos primeiros socorros. “Sem circulação sanguínea os tecidos podem sofrer necrose em até seis horas em temperatura ambiente”, afirma o cirurgião Rames Mattar, especialista em reimplante de mão do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Entretanto, protegendo bem a parte do corpo extirpada, é possível diminuir o metabolismo celular e aumentar a sobrevida de um dedo, por exemplo, para 24 horas. Já as amputações que ocorrem em membros maiores precisam de um atendimento mais rápido. Doze horas após um acidente, um braço reimplantado pode até representar uma ameaça para a pessoa acidentada. “Na falta de oxigênio no membro, as células começam a produzir ácido lático e outras substâncias tóxicas, que entram na circulação sanguínea depois do reimplante. Em lesões maiores, a quantidade dessas substâncias acumulada pode ser fatal”, diz Rames.

O sucesso da operação também depende do tipo de amputação que a vítima sofreu. Um corte é bem menos comprometedor do que um arrancamento, porque não danifica tanto os tecidos. Os casos de esmagamento ou amputação múltipla (em várias partes do mesmo membro) também são bastante complexos, mas as chances de sucesso dependem sempre do bom estado de veias, artérias, nervos e tendões. Se tudo estiver em ordem e o reimplante puder ser feito, os movimentos e as sensações do membro atingido podem se recuperar quase por completo num intervalo entre três e 12 meses. E aí, a ação heróica e de grande coragem de quem ajudou no difícil momento dos primeiros socorros certamente será lembrada para sempre pela vítima.

Ajuda dramática! É preciso estancar o sangue e armazenar a parte do corpo extirpada em baixa temperatura.

Se você testemunhar um acidente em que alguém sofre a amputação de um membro, como um dedo, tente primeiro acalmar a vítima. Depois, lave com água limpa a parte do corpo de onde o membro se desprendeu. Isso remove bactérias.

A seguir, pressione levemente o local machucado com um tecido limpo e tente manter essa parte do corpo elevada para estancar o sangue. Após cerca de 20 minutos, o sangramento deve diminuir. Só use um torniquete em caso de hemorragia extrema.

O próximo passo é resgatar o membro amputado. Se possível, lave-o com água, enrole-o num pano limpo e siga o mais rápido possível a um pronto-socorro, posto de saúde ou farmácia, nessa ordem de preferência.

Se você e a vítima estiverem distantes de um desses locais, mas tiverem à mão produtos de primeiro socorro, lave o membro com algum anti-séptico ou soro fisiológico. Depois, embrulhe-o numa compressa com soro e guarde-o num saco plástico limpo.

O ideal, então, é encontrar um recipiente térmico (caixa de isopor ou algo similar) para guardar o membro em baixa temperatura (até 4 ºC). Mas tome cuidado para nunca deixá-lo em contato direto com o gelo.

Sua missão final é levar a vítima ao pronto-socorro mais próximo. Lá ela começará imediatamente a tomar antibióticos e os médicos entrarão em contato com um centro cirúrgico especializado para fazer o reimplante.

O que é proibido fazer? Três reações comuns que devem ser evitadas:

Álcool, mertiolato ou qualquer outra substância do gênero mata os tecidos. Por isso, não os utilize para limpar a vítima. Na dúvida, é melhor usar só água mesmo, deixando um médico ou farmacêutico fazer uma limpeza mais adequada depois.

Nunca deixe o membro amputado ficar em contato direto com o gelo e nem o coloque num congelador. Ao congelar, a água presente no membro aumenta de volume, destruindo as células dos tecidos, como uma bexiga que explode.

Manipule o menos possível o membro amputado. Isso pode causar lesões e contaminação com microorganismos, que podem prejudicar, ou até impedir, um reimplante depois.

[1] Citação: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-recuperar-um-membro-amputado/